terça-feira, 20 de agosto de 2013

fugaz devaneio.

nem depressa nem devagar
mas o tempo não é certo.
estou atada a uma cauda de um cometa
vejo-te na terra tão sensível
sinto a aurora que surge do teu ventre
intensamente beijo os teus olhos
como quem morre na esperança cega
deste grande universo
tu e eu somos apenas o espaço
deste oculto e infinito amor.
há noites que deviam durar para sempre
nem depressa nem devagar
mas no tempo certo.
sem excessiva lentidão
para nós será o nascer de uma renovação.
é como acordar de um longo sonho 
onde a tua voz tropeça na minha
é o amor feito e desfeito.
dele vou arrancar o coração
guardá-lo no mundo
e fabricar um poema mais.

domingo, 11 de agosto de 2013

mudam-se as paredes, mudam-se as noites.

saudade / tristeza

A maneira de reagir à saudade e à tristeza é ter um coração bom e uma cabeça viva. A saudade e a tristeza não são doenças, ou lapsos, ou intervalos, como se diz nos países do Norte. São verdades, condições, coisas do dia a dia, parecidas com apertar os atacadores dos sapatos. É banalizando-as que as acompanhamos. Um sofrimento não anula outro. Mas acompanha-o. Para isto é preciso inteligência e bondade. 

Aquilo que resta são as pequenas alegrias. No contexto de tamanha tristeza e tanta verdade tornam-se grandes, por serem as únicas que há. Não falo nas alegrias que passam, como passam quase todas as paixões. 

Falo das alegrias que se tornam rotinas, com que se conta: comprar revistas, jantar ao balcão, dormir junto do mar, dizer disparates, beber de mais, rir. Coisas assim. São essas coisas — entre as quais o amor — que não se podem deitar fora sem, pelo menos, morrer primeiro.

Miguel Esteves Cardoso, in As Minhas Aventuras na República Portuguesa.

domingo, 4 de agosto de 2013

mimos*


" The only people for me are the mad ones, the ones who are mad to live, mad to talk, mad to be saved, desirous of everything at the same time, the ones who never yawn or say a commonplace thing, but burn, burn, burn like fabulous yellow roman candles exploding like spiders across the stars. "

Jack Kerouac

o tempo e as suas memórias.


Coisas que se tornam sensíveis nas nossas mãos.
E no fim, tudo o que for bom e verdadeiro torna-se para sempre.
Lá se foi o tempo.
Mas as memórias, essas permanecem.

Tabu (2012)
Um filme português do realizador Miguel Gomes.