sexta-feira, 30 de novembro de 2012

agora entendo o sol que está hoje.


« percorre-se Sines à procura de um fantasma, porque já quase nada resta do poeta na terra. sobram memórias destes que o conheceram, histórias que ficarão por contar. » - ípsilon

compilação feita pelo meu amigo Ricardo. entreguei-me nas palavras e ele guardou tudo.

A música aos olhos de alguém especial

acho que é a vida que nos torna assim
o que nela existe
o que dela nos faz sentir
quando realmente vejo as coisas de "cima"
vejo que realmente existe tanta coisa maravilhosa
neste mundo
os sentimentos, a entrega entre seres
é tudo tão forte.
porque realmente a vida somos nós
o que cada um carrega
dentro de si
e partilha
seja no que for, quem diz sentimentos, sensações
diz arte
e eu não consigo ficar
indiferente a tanta entrega
a tanta beleza
já por isso vale a pena viver.
já por isso anda na rua com vontade
prazer
engolindo tudo o que há para engolir
consumir tudo o que há para consumir
o olhar das pessoas
a forma como caminham
como se tocam
como se falam
como se deitam nos jardins
como brincam
com os filhos
é tudo tão real aos meus olhos
e sinto como se fosse eu que estivesse ali
naquele preciso momento
imaginando-me como será que aquele pessoa se está
a sentir a fazer aquilo
quando vou a concertos
e vejo aquela entrega entre a banda
a simplicidade dos músicos
o amor ao tocarem os instrumentos
o que cantam, como cantam
e nós deste lado
sem nada nas mãos
mas por dentro carregados
com tanta beleza
de seres que não conhecemos
muito menos falamos
mas existe aquele momento
como prova real
que se cruzaram
nem que seja por breves instantes
e passa a ser não só uma oferta deles para nós
mas uma troca de sensações
de energia
de olhares
de sorrisos
de felicidade por aquilo
simplesmente existir
e é isso tudo o que sinto
quando ouço música
ou me dirijo a algum sitio para ouvi-la
já sei que vou para me "entregar"
não a um corpo
não a um momento de intimidade física

uma entrega diferente
só tua
que vais guardando e guardando para esses momentos
que são poucos, mas mais intensos que semanas onde respiro
em quatro paredes
festivais e música
eu necessito
é uma droga
da qual preciso
para me libertar
esquecer tudo por breves instantes
como quando fazes amor
esqueces tudo
estás só simplesmente ali
a desfrutar daquele prazer
e não pensas em nada
não existe trabalho, problemas, preocupações
angustias
sofrimento, dor
a música para mim é isso.
uma entrega.

quando alguém te diz assim

« és um ser magnífico. insignificante para o mundo. mas o mundo não sou eu. 
e eu como também não sou nada para o mundo, sei que sou algo para ti e só isso basta para me relembrar que, para mim, és única. »

é quando penso que nem sempre precisamos de pensar ou reflectir naquilo que dizemos. 
e apenas dizemos porque sentimos.
chegar a casa a esta hora. 
cansada.
com frio e molhada da chuva...
ler isto é sem dúvida sentir que alguém do outro lado nos segura no coração com a certeza disso. 
obrigada!! *

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

a noite passada sonhei com o Gandhi

lembro-me dele sentado de perna cruzada sobre um sofá preto a olhar para mim.
estava tão magrinho que até se notava os ossinhos das pernas. sorriu o tempo todo e pedia-me para falarmos muito baixinho. 
pois alguém a qualquer momento podia descobrir que ali estávamos... <3

o mesmo desejo, um amor semelhante.

de noites passadas entre sonhos inquietos
do que me agita pelo receio ou incerteza
julgo saber de mim quando adormeço
procuro encontrar um destino nas mais profundas memórias
mas que inferno.
sinto o corpo a distender como se tivesse uma corda ao pescoço
e nisto eu só penso « tu hás-de ser o meu amor na terra »

acordo dorida deixando fazer-se notar as marcas no corpo
o cabelo cresceu no entretanto
as mãos envelheceram 
os olhos perderam todo o brilho 
o vulto vira líquido 
é o ferimento
de longas noites que se passaram.

que sejam esquecidas as lutas diárias
na busca da sobrevivência por mais um dia
a paixão que me venha envolver durante esta noite
o recomeço nascerá jovem.
desse generoso gesto que me leva o desassossego
arrancando toda a roupa que me resta
roubando toda a dor por ela absorvida. 

faz deste momento e lugar o melhor que conseguires.



sábado, 24 de novembro de 2012

fechar os olhos e encostar

porque hoje é sábado.



















LIFE, by Nina Leen

passado, presente e futuro.


Viver uma vida desapaixonada e culta, ao relento das ideias, lendo, sonhando, e pensando em escrever, uma vida suficientemente lenta para estar sempre à beira do tédio, bastante meditada para se nunca encontrar nele. Viver essa vida longe das emoções e dos pensamentos, só no pensamento das emoções e na emoção dos pensamentos. Estagnar ao sol, douradamente, como um lago obscuro rodeado de flores. Ter, na sombra, aquela fidalguia da individualidade que consiste em não insistir para nada com a vida. Ser no volteio dos mundos como uma poeira de flores, que um vento incógnito ergue pelo ar da tarde, e o torpor do anoitecer deixa baixar no lugar de acaso, indistinta entre coisas maiores. Ser isto com um conhecimento seguro, nem alegre nem triste, reconhecido ao sol do seu brilho e às estrelas do seu afastamento. Não ser mais, não ter mais, não querer mais... A música do faminto, a canção do cego, a relíquia do viandante incógnito, as passadas no deserto do camelo vazio sem destino...

Livro do Desassossego.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Cowboy Junkies

    @ Casa da música









sem estar a contar subi as escadas da casa da música com o livro do António Pina nas mãos oferecido pelo meu amigo João. 
ainda andei a ver se havia por lá algum gatito escondido.. mas não.
só rosas no palco.
merciiii ! :))




segunda-feira, 19 de novembro de 2012

tanto Wiston como Julia sabiam

" que aquilo que agora lhes estava acontecer não podia durar muito. Nas alturas em que a morte iminente lhes parecia tão palpável como a cama onde se deitavam, então agarravam-se mutuamente com uma espécie de sensualidade desesperada, almas condenadas saboreando os últimos instantes de prazer cinco minutos antes de soar a fatal hora. Mas havia também alturas em que se sentiam possuídos pela ilusão, não só de segurança, mas também de permanência. Enquanto estivessem ali nenhum mal lhes podia 
acontecer... "

1984, George Orwell

aprendo contigo.


















Simone de Beauvoir

“I am too intelligent, too demanding, and too resourceful for anyone to be able to take charge of me entirely. No one knows me or loves me completely. I have only myself”

pé ante pé

a mais bela das seduções.

incrível!!! 

verdades que se escondem.

dialog, by Rudolf bonvie, 1977

                                                                                                                                                                                                                       


"Uma coisa é o amor, outra é a relação. Não sei se, quando duas pessoas estão na cama, não estarão, de facto, quatro: as duas que estão mais as duas que um e outro imaginam."

António Lobo Antunes

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

andar sem ver e sentir sem olhar.

sonho com o dia em que a justiça chegará.

















Afasta-te, música. Deixa primeiro as sombras engrossar
E crescer até à noite escura e tépida.
É ainda muito cedo para ti, os teus arabescos de ouro
Ainda não cintilam no seu esplendor de rosa;
Resta ainda muito dia,
Muito dia para os poetas, fantasmas e solitários.
— Ó minha felicidade! Ó minha felicidade!


Nietzsche

Parabéns Mestre.





" Mais do que olhar, importa reparar no outro. Só dessa forma o homem se humaniza novamente. Caso contrário, continuará uma máquina insensível que observa passivamente o desabar de tudo à sua volta. "

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

a viagem da minha vida


agora que carrego uma bússola quero sentir o meu norte de horizontes ampliados. 
no barco onde navego tudo se resume a um só destino. 

fazer do eterno o agora.