segunda-feira, 28 de novembro de 2011

sentimento de baloiço, vai e volta...

                                     by: Ana Luz                                
 teatro campo alegre


Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.

Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.

Alberto Caeiro

eram 13:30

quando a hora de almoço, para passar o tempo caí no erro de ir a galeria de fotos do telemóvel.
já nem me lembrava que estavas lá guardado.
pensei em ti o dia todo.


senti uma enorme vontade de ir até aí...
a esse segundo andar.
entrar nessa casa possuída por um cheiro só teu.
sentir o calor dessa sala, e o expandir da luz a penetrar em todos os cantos.
nesse sofá azul.


passar pela cozinha, "roubar" doces que tens sempre no armário.
depois, seguir o aroma que vem do quarto, abraçar-te com força e embrulhar-me contigo entre os lençóis...
seria assim até amanhã.


esta foi, e é a imagem que projecto na minha mente, graças a essa desgraçada fotografia!


aii....




by: Ana Luz

domingo, 27 de novembro de 2011

na porta de um café marcam-se abraços!

by: Ana Luz


No entanto, só se a atitude interior, o pano de fundo a partir do qual nos relacionamos com os outros, for de lhes estender os braços e de os tocar, poderemos descobrir o valor da partilha.
Não são só as pessoas solitárias, infelizes, inseguras, que precisam ser abraçadas. Abraçar bem dá-nos saúde. Mas não se trata de abraços sociais, de conveniência, em que duas pessoas se tocam apenas por fora – portanto não se tocam -, nem de abraços de dois amantes apaixonados que um ao outro se agarram.
São abraços que acontecem porque saem cá de dentro sem que os travemos. Como expressão de um amor incondicional que nos habita – e de que não temos medo, porque o olhamos como algo que verdadeiramente nos liberta.
A intimidade que um abraço sincero oferece é a da compreensão. Da atenção. Da solidariedade. Da amizade que existe para lá da exaltação dos sentidos, apenas por ter a consistência daquilo que brota do fundo de nós mesmos e que se mantém quer faça sol quer chova.
Abraços são uma espécie de foguetes capazes de fazer despertar moribundos ou fazer levantar da cama preguiçosos. Explosões de vida. Há quem goste de os dar para reafirmar um vínculo de amizade ou qualquer outro sentimento. E são uma das melhores festas gratuitas a que toda a gente tem acesso. São abraços do fundo do coração, frequentes entre duas pessoas que, por nada pedirem uma à outra, de cada vez que se encontram recebem sempre muito – e apenas por isso são levadas a celebrá-lo.
Quando um coração se abre para outro coração, há quase sempre uma qualquer maravilha que pode acontecer. Ou, quanto mais não seja, uma sensação de paz possível, neste mundo cheio de guerras em que vivemos.

...para ti !

reflexão lida por aí

juntas outra vez...

by: Ana Luz




aqui e agora... 

recordar é viver! 


assaltada por visões









(...) Os seus pensamentos começaram a perturbá-la, os pequenos jogos que faz na sua mente sem o desejar, as súbitas e incontroláveis fugas para a escuridão. Por vezes, surgem-lhe de rompante - um impulso para pegar fogo à casa, para seduzir Alice, para roubar dinheiro do cofre da empresa - e depois, tão rapidamente como surgiram, definham e evaporam-se. 
Outras são mais constantes e têm um impacto mais duradouro. Mesmo o simples facto de sair surge cheio de riscos, pois há dias em que já não consegue olhar para as pessoas por quem passa na rua sem as despir mentalmente, sem lhes tirar as roupas que as cobrem com um puxão rápido e violento e depois examinar os seus corpos nus à medida que avançam. Estes desconhecidos, para ela, já não são pessoas, são simplesmente os corpos que lhes pertencem, estruturas de carne envolvendo ossos e tecidos e órgãos internos, e, com o pesado tráfego pedestre que circula na 7th Avenue, a avenida onde fica o seu escritório, depara todos os dias com centenas senão mesmo milhares de espécimes. Vê os volumosos e mal jeitosos seios de mulheres gordas, os minúsculos pénis de rapazinhos, os pêlos púbicos ainda incipientes de crianças com os filhos, o olho do cu de velhos, os genitais sem pêlos das meninas, coxas luxuriantes, coxas escanzeladas, nádegas amplas, pêlos no peito, umbigos metidos para dentro, mamilos invertidos, barrigas marcadas por operações ao apêndice e nascimentos por cesariana. Sente-se revoltada com estas imagens. assombrada com o facto da sua mente ser capaz de produzir tamanha porcaria, a partir do momento em que lhe ocorrem é incapaz de as fazer desaparecer (...) Não sabe como deter estas visões. Deixam-na exausta, sente-se miserável, mas os pensamentos loucos entram na sua cabeça como se tivessem sido plantados lá dentro por outra pessoa, e se bem que ela trave um duro combate para os suprimir, é uma batalha que nunca vence. (...)


SUNSET PARK
Paul Auster

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

pensamos muito e sentimos pouco



serás o próximo.

visita inesperada





by: Ana Luz

Fazia eu tal ideia que iria parar hoje ao hotel Intercontinental do Porto. 
Ver os cantos à casa digamos assim. Com direito a visita guiada e tudo. Bem, que luxo! Só aquele quarto de dois andares e escadas feitas de vidro.. magnífico. 
O pormenor de requinte em todo o lado, desde a passadeira onde pisamos, ao candeeiro que nos ilumina. 
Rendi-me aquela sala de estar ou bar, possuem tais cores quentes que só de olhar já nos aquecem numa noite fria como a de hoje. Envolvida em conversas e vivências, mas ao mesmo tempo não resistia em contemplar a cidade lá fora. Estava calma, serena, numa solidão intensa.
 Apenas o sinal de transito ao alterar a sua cor me despertava atenção.


Não me podia esquecer do delicioso cocktail de frutos vermelhos a acompanhar este bocadinho de noite.
Obrigada! 




terça-feira, 22 de novembro de 2011

fragmento 112

As relações entre uma alma e outra, através de coisas tão incertas e divergentes como as palavras comuns e os gestos que se empreendem, são matéria de estranha complexidade. No próprio ato em que nos conhecemos, nos desconhecemos. Dizem os dois «amo-te» ou pensam-no e sentem-no por troca, e cada um quer dizer uma ideia diferente, uma vida diferente, até,porventura, uma cor ou um aroma diferente, na soma abstracta de impressões que constitui a actividade da alma."

" É de compreender que sobretudo nos cansamos. Viver é não pensar "



Bernardo Soares  in   Livro do desassossego 

sinto e pronto

" O coração, de pudesse pensar, pararia. "









segunda-feira, 21 de novembro de 2011

domingo, 20 de novembro de 2011

obrigada

by: Mãe
:) 

e até já !

cada um com a sua missão

já era um senhor de idade, com um olhar perdido.
mas ele procurava algo.
ele tinha um objectivo.
de comprar.
mas o quê?
a quem? e como pedir ajuda?
o seu olhar discreto pedia humildemente que o socorressem, usando então as suas expressões faciais.
não chamou, não falou, simplesmente olhava, estudando atentamente quando seria o momento em que iriam ao seu auxilio.
seria a sua primeira vez sozinho nas compras? talvez, parecia tão sem rumo...
até que fui lá.
percebi pelo o olhar e expressão que nem ele próprio sabia o que estava ali a fazer.
mas tinha de estar, o lugar dele era ali naquele momento.
só depois de algum tempo de conversa é que entendi que a sua mulher precisava de roupa, estava doente, acamada, sem se poder mexer, e não podia de maneira nenhuma acompanha-lo naquela estranha missão.


sim...
no final agarrou-me as mãos e beijo-as com os olhos a brilharem de gratidão.
há dias assim, isto existe.
cada um com a sua missão.

sábado, 19 de novembro de 2011

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Helmut Newton

 















The desire to discover, 
the desire to move,
 to capture the flavor,
 three concepts
 that describe
 the art of photography

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

hoje é assim



decidiste "imigrar" para Valongo.
quando toca o telemóvel e para meu espanto és tu!
já não te vejo sensivelmente a mais de três semanas.
falar por telemóvel, não dá, não é a mesma coisa.
não te vejo, não te sinto... já nem sei o que isso é.
quando por norma e por habito todas as semanas te via ou dia sim dia não, o que fosse e quando dava.
usei o teu perfume, foi a única maneira que encontrei de te sentir perto de mim enganando a saudade.
pois deixou de ser assim algum tempo. fugiste. 
até entendo.
quando me ligas e dizes, vou-te buscar agora para apanharmos um sol, preciso de te abraçar e de te ver filha!


a saudade não mata, mas mói...




by: Ana Luz


...e só penso, ainda bem que não trabalho agora de tarde!                                   
     até já *

quarta-feira, 16 de novembro de 2011




" Viver é a coisa mais rara do mundo. A maior parte das pessoas não faz  mais do que existir " 

Oscar wilde 

terça-feira, 15 de novembro de 2011

é preciso GPS para ir ter a tua casa.
já não me lembro como ir aí ter.
como chove no porto.
curtas metragens no hard club com direito a puf ! \O/
" uni formadas" , " vida de perro" , com mais uns quantos.. 
jogo de espelhos na wc.
epá...foi delírio total !
como adoro espelhos.
ao subir, espera-nos um chá verde com jasmim acompanhado com croissant quente!
em conversa...
BOLSA? EXERCITO? 
sim, em missão!
são vidas.
realidades diferentes, perdidas.
embora partilhando o mesmo espaço no mundo...



by: Ana Luz

partilham-se também vivências inacabadas :) 

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

desde 99

ontem fez dois anos que...
                       
não me esqueço!


dizias tu...

dorme bem anjo.


" vou só deixar a persiana um pouco aberta "
*




silencioso..

solto
disperso
aberto
delicioso
confortável
secreto
misterioso
escondido
desprendido
desatado
desobrigado
natural
espontâneo 
único

viver..

sem rumo
sem nada
sem ter
sem possuir 

num gozo intenso...





domingo, 13 de novembro de 2011

by: João Pinto

disseram-me que o sol há-de morrer igual a um fósforo que se apaga. é como um fósforo lento, muito lento, que se apagará de qualquer modo. deixando tudo às escuras infinitamente. perguntei se não seria triste vivermos numa noite contínua. disseram-me que seria mais do que triste.
porque seria impossível. até ali, eu com cinco ou seis anos, achara categoricamente que os dias eram para sempre. o tempo entra para dentro do tempo, entretido com nascer e desaparecer. perguntei se podíamos fazer alguma coisa, como alimentar o sol, enviando-lhe as madeiras secas, os móveis velhos, os cadernos da escola estragados. havia tanta coisa para queimar, só precisaríamos de arranjar de arranjar uma máquina muito forte que atirasse para a fogueira as coisas boas de arder. o sol. pensava eu então, era o tempo a arder. ardia e haverá tempo. não haverá nada.

valter hugo mãe

sábado, 12 de novembro de 2011

espelho da alma

by: Ana Luz

é como olhar e não ver nada.
insiste.
amanhã certamente será diferente.
ansiosa espero o incerto.
alterado pelo tempo.
já nem parece o mesmo.
mas então o que esperas?
nada muda por mudar.
é preciso estimulo. 
garra.
força.
vontade.
espírito.
treino.
continua.
insiste.
amanhã certamente será diferente.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

estes são os dias

"o que é monstruoso na nossa contemporaneidade é sobretudo nas relações humanas ou pseudo-relações que as pessoas procuram desesperadamente estabelecer umas com as outras".

11-11-11

Experimento um grito
contra o teu silêncio
experimento um silêncio
entro e saio
de mãos pálidas nos bolsos
Alexandre O´Neill

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

o mistério..ai esse!


O mistério começa do joelho para cima.
O mistério começa do umbigo para baixo
      e nunca termina.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

“Estranho o destino dessa jovem mulher, privada dela mesma, porém, tão sensível ao charme das coisas simples da vida”



 O Fabuloso Destino de Amelie Poulain