segunda-feira, 29 de abril de 2013

não me importa se chove hoje ou amanhã.


amar é consumir-se.

decidi espalhar o que tinha de mim. 
foi quando resolvi "descascar" a alma. 
gritei, gritei tanto enquanto segurava os teus cabelos sujos do meu próprio abandono.
a minha mente é o meu lar e dela arranco lembranças, deixo marcas de afeição.
dedico-me a marcá-la como quem marca um livro que tanto estima.
mergulho agora na infância. mas para quê?
vivi sem uma palavra e sem uma lembrança.
ouço as portas a bater com força. 
ouço-te gritar por entre o corredor da solidão.
das paredes a tirania solta-se. sinto no estômago o frio.
e enquanto caminhas na minha direcção amarro-te na imaginação. 
era capaz de te prender para nunca mais te largar.
saberias o que é viver na escuridão da noite.
sentirias medo até nos ossos. 
esta seria uma passagem para quem não vê, mas só para quem sente.
já pensaste no que seria se pudéssemos devorar instantes?
ou talvez...engolir momentos?
mas que belo prazer seria. 
poder beber do teu corpo...consumir-te os olhos...
entregar-me à tua boca com desejo de avidez.
ser o teu alimento de cobiça, permanecer nessa sensação duradoura.
sou livre de sentir o que quero, sou livre de oferecer o que tenho. toda eu sou livre.
a minha mente é o meu lar, dedico-me a marcá-la como quem marca um livro que tanto estima. de livre e espontânea vontade marquei-te para nunca mais te querer. 
para nunca mais te ter. 



domingo, 28 de abril de 2013

procuro a música onde ela estiver.


A ver Efterklang, terça-feira no Hard Club. *

Pessoas. Um palco.



ouvir a cortina no escuro a desvanecer já de si traz arrepios. imaginem agora sentir a presença de Fernando Pessoa  num palco...é uma espécie de loucura. 
e só o facto de ter ido assistir a isto, já vale a pena ter nascido.

« Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta,
em que as coisas têm toda a realidade que podem ter,
pergunto a mim próprio devagar
porque sequer atribuo eu
beleza às coisas. »

Alberto Caeiro

quarta-feira, 24 de abril de 2013

por carta e antes de morrer Olívia disse a Eugénio...


«...quando falo em conquista, quero dizer a conquista de uma situação decente para
todas as criaturas humanas, a conquista da paz digna, do espírito de cooperação.
e quando falo em aceitar a vida não me refiro à aceitação resignada e passiva de todas as desigualdades, crueldades, absurdos e misérias do mundo. refiro-me, sim, à aceitação da luta necessária, do sofrimento que essa luta nos trará, das horas amargas a que ela forçosamente nos há-de levar.
precisamos, portante, de criaturas de boa vontade. »

(Olhai os Lírios do Campo, Erico Veríssimo)

terça-feira, 23 de abril de 2013

Viver sem livros não é viver.


" um livro aberto é um cérebro que fala;
fechado, um amigo que espera;
esquecido, uma alma que perdoa;
destruído, um coração que chora".

voltaire

Feliz dia Mundial Do Livro!!! :D

segunda-feira, 22 de abril de 2013

os mais belos dias da vida, pensou ela.

Quando formos ambos as sombras do que ficou para trás amarás menos ao habitar a minha alma?
Tocarás na minha face com mãos de quem alimenta?
Sentirás o bater do peito a rasgar como uma doença interna?
Eram apenas pensamentos.
E ao pegar no retrato, embora sinta o adeus, dizia para ela mesma "somos mesmo loucos".
Onde habita agora a tua alma, que já tem mais a forma de um sumido corpo...
Teremos ficado sempre na extremidade um do outro?
Será que a razão fugiu e levou com ela a vontade?
Eram apenas especulações.
Aquilo que era de uma beleza delicada, que faz despertar sentimentos era apenas o "leite" neutro num estado infantil de amor. E é disso que vivemos e desprezamos ao mesmo tempo.
"Somos mesmo loucos".
Eram apenas certezas.
Foi quando largou tudo o que segurava nas mãos porque sabia naquele momento que tinha de ir. 
Sairia dela pela primeira vez numa libertação para além da própria incompreensão, tremendo de medo pela paixão por tudo aquilo que sabia existir.

Os mais belos dias da vida, pensou ela.

sábado, 6 de abril de 2013

não é só de dor e tristeza que se sofre.

a descoberta dos prazeres antigos e acumulados como de uma lembrança se tratasse, como se de uma realidade se falasse. toda essa sensação de satisfação plena que me causam vertigens trazendo agonias pálidas. é o medo do excesso. quando me perco por extenso nesse imenso espaço erguendo tudo com as pontas dos dedos. sem saber, atinjo o céu. uma vontade enorme de tocar, agarrar com afirmação nas mãos e certezas na carne. as nuvens tremem, o calor dos dias libertam-se fazendo-me sentir todo esse ardor no corpo. é o ardor do amor que o suporta. tão sábio se acha ele ao pensar que cabe nestas mãos frágeis e molhadas pelo o tempo. da saudade nasce então a procura do impossível, a verdade origina um vai e vem. 
deves em quando instala-se com vontade de ficar. outras vezes demora-se a chegar.
e finalmente me lembro que a verdade já lá não está e que não é só de dor e tristeza que se sofre.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Livros & música

      Assim, sim!


Para celebrar os 10 anos de carreira estes grandes Senhores decidem publicar "Sound Files", uma banda desenhada de Tó e Pedro. 
Uma edição de luxo!