quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

fazer a mala.



Viajar não é realizar o imaginário que nos excita antes da viagem mas sim exterminá-lo. O deslumbramento é do que se imagina e não do que realizou esse imaginar. Nós pensamos numa terra longínqua e confusamente admitimos que essa distância é sensível quando lá estivermos. Ora quando lá estivermos há o real que desmistifica o imaginário, há o lá, como aqui, num sítio limitado por um horizonte totalmente presente e não tocado da ausência que havia na imaginação. Mesmo os seus elementos característicos que tiver, uma vez realizados, perdem a magia na sua realização. Eis porque precisamos às vezes de rever num mapa a sua localização para de algum modo lhe restaurarmos a distãncia. Tudo se solidifica na concretização do real, tudo se desvanece aí da sua figuração. A grande força do real é a do que está para lá dele, porque toda a realidade é redutora.

Vergílio Ferreira

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

ontem, em memória das vítimas do Holocausto.

"Vós que viveis tranquilos
Nas vossas casas aquecidas,
Vós que encontrais regressando à noite
Comida quente e rostos amigos:
Considerai se isto é um homem
Quem trabalha na lama
Quem não conhece a paz
Quem luta por meio pão
Quem morre por um sim ou por um não.
Considerai se isto é uma mulher,
Sem cabelo e sem nome
Sem mais força para recordar
Vazios os olhos e frio o regaço
Como uma rã no Inverno.
Meditai que isto aconteceu:
Recomendo-vos estas palavras.
Esculpi-as no vosso coração
Estando em casa, andando pela rua,
Ao deitar-vos e ao levantar-vos;
Repeti-as aos vossos filhos.
Ou que desmorone a vossa casa,
Que a doença vos entrave,
Que os vossos filhos vos virem a cara."

Primo Levi


antes de ir dormir, levo sempre tesouros comigo.

sábado, 26 de janeiro de 2013

domingo, 20 de janeiro de 2013

a última vez que vos vi.


   Primavera Sound 2012



neste momento imagino-vos com isto dia 2 de Março na Casa da música, no Porto. :)))

                     

Yo La Tengo
Fade 2013 

Senescência


" Mas, para já, cá nos vamos entretendo docemente. Enfim, espero que este relato seja de alguma utilidade para alguém que se veja, de repente, velho e encravado no meio deste deserto sem carinho nem imaginação, desta gente morta que circula a alta velocidade para lado nenhum. Creio que hoje irei dançar. "

A balada da vala dos velhos,
Jp Simões

Aos amigos


Amo devagar os amigos que são tristes com cinco dedos de
cada lado.
Os amigos que enlouquecem e estão sentados, fechando os olhos,
com os livros atrás a arder para toda a eternidade.
Não os chamo, e eles voltam-se profundamente
dentro do fogo.
Temos um talento doloroso e obscuro.
Construímos um lugar de silêncio. 
De paixão.

Herberto Helder (1930)
Ofício Cantante

sábado, 19 de janeiro de 2013

Nick Cave e Henry Miller no colo.

o verdadeiro trópico de câncer.

essa mulher não conhece o seu lugar.

pousa a alma sobre um palco molhado onde a tragédia se destina ao alívio.
a aflição dela mergulha no suor deixado por instantes momentos.
rodeada de corpos sem cheiro num odor desarranjado. 
a música e a dança apoderam-se dela.
sem ordem e sem limites alimenta intensamente a sua sede com pequenos rasgos de luz que vão ao encontro do seu semblante.
ela só precisa de escutar e sentir. 
é o bastante para quem não conhece o seu lugar.
só assim sabe dela própria. 
é o maior saber, pensa ela.
é o sabor da liberdade interior. 
os momentos revelam tudo e as atitudes confirmam o seu amor por cada lugar onde passa.
essa mulher hoje acordou no sítio do costume, com a alma pousada sobre a cama seca e quente que se destina à verdade de hoje. 






domingo, 13 de janeiro de 2013

não me esqueço.

descubro em mim pequenos pedaços recalcados de um passado desaparecido.
pensava eu poder confiar no que me foi dito ao longo de todos estes anos.
longas reflexões foram feitas num resgate próprio. 
nunca é suficiente este acto de pensar. 
a sentença já se sente e a decisão aproxima-se vagarosamente.
começo por esquecer promessas. esquecer datas. esquecer dias passados.
esquecer pormenores que em outros tempos me traziam sinceridade no olhar e conforto nos braços.
perder lembranças é como esquecer que alguma vez existimos.
mas o reconhecimento torna-se "capa" de todas essas memórias presentes.
omitir por falta de coragem é como um abandono prematuro em que mais tarde leva ao esquecimento. 
viver a pensar para esquecer é não querer em esquecer. 
não é descuido nem desleixo. 
é viver recalcado num passado presente. 
e disso eu não me esqueço. 












sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

viagem comprada.

Vamos para LONDRES!! 
dia 31 deste mês aqui vou eu agasalhada e cheia de vontade de te ver.



Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!
Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!

Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.

Fernando Pessoa



disparar sobre o pecado da América.


" sim, Tarantino confessa que se questionou. falar da escravatura é coisa séria. mexe com fantasmas da América que ele tão bem conhece, ele que cresceu numa comunidade de negros, em Los Angeles. talvez ele fosse um dos que sentisse o desconforto na cadeira, na plateia, mas conta que um amigo lhe disse que ou ele perdia o medo de contar a história ou o melhor seria não a contar. Tarantino escolheu não fazer batota consigo mesmo e contou, tirando o tema da Academia, da história, pegando num assunto cheio de tabus e dando-lhes uma linguagem contemporânea. a sua. polémica, mas actual. e divertida, há sempre quem acentue. "

ípsilon,
Jornal Público. 

(penso se este ípsilon não deveria ter vindo a cheirar a sangue...)

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

achei a resposta para a minha ansiedade durante esta noite!!!

pois mal acordo dou de caras com isto!!


eu sabia!! \o/ \o/ \o/

(ainda não estou em mim. até virei o iogurte quando o fui buscar à cozinha). 
mas por ti senhor Cave "birava" tudo. ahahha!  
e só não me esfrego no teu livro porque parece mal, visto que o conteúdo foge um bocado para o ousado. 
é melhor deixá-lo estar ali quietinho na prateleira.... 

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

da singularidade a sabedoria.

Palavras de Gonçalo M. Tavares

1- Saída de emergência

"Deves é mudar de alma, não de clima. (...) Andares de um lado para o outro não te ajuda em nada, porque andas sempre na tua própria companhia." Séneca
Sempre que, antes da descolagem de um amo, se escuta: Preste atenção que a saída de emergência pode estar nas suas costas, sentimos que se está a falar não das medidas de segurança no caso de um acidente, mas da existência no geral. Existência individual e da sociedade.
A Europa embarcou há muitos anos e, em 2013, continuarão a ouvir-se os conselhos de segurança: Preste atenção que a saída de emergência pode estar nas suas costas. E há quem aponte outras saídas.
Numa variação de célebres paradoxos, poderemos dizer que um continente ou um homem que estejam equidistantes de duas saídas de emergência, em caso de acidente correm o risco de morrer, imóveis, na hesitação. E com dezenas de saídas de emergência a igual distância, um homem ou um continente - além de não se salvarem - ficarão loucos.

2 - Versos
Os versos de Hölderlin:
"Dificilmente abandona / o seu lugar aquele que mora perto da origem."
E o comentário de Heidegger a estes versos:
"De modo inverso, quem facilmente abandona o lugar comprova que não tem origem e se limita a estar presente como que por acaso."

3 – Velocidade

A síntese do homem contemporâneo, do europeu que pode decidir e agir - é a do Homem com pressa dentro de um elevador.
A angústia de ter pressa e músculos e energia capazes de acelerar, mas estar dentro de um recipiente que tem uma velocidade predeterminada e que não altera a sua velocidade.
A sensação é a de que entre a sociedade e cada um dos elementos que a constituem se começa a cimentar uma dessincronização essencial das velocidades. O recipiente com motor onde nos colocaram nunca tem a velocidade de que precisamos. Mas já não somos nós que fazemos juízos sobre o recipiente, e o elevador que nos julga. E o mecanismo do ascensor que diz ao Homem com pressa dentro de um elevador: estas com pressa a mais, acalma-te.
Estamos sempre ou demasiado rápidos ou demasiado lentos. A nossa velocidade torna-se culpada. A sociedade parece exigir sempre, em qualquer circunstância, uma outra velocidade. És culpado porque não acertaste na velocidade.

4 - Fundamentalismos
Gosto particularmente do que diz uma personagem de Hans Christian Andersen: "Pediram-lhe para rezar, mas ele só se lembrava da tabuada" .
Dois tipos de fundamentalistas:
            1. O fundamentalista da lógica pura: pediram-me bondade, mas eu só me lembrava da tabuada; pediram-me sabedoria, mas eu só me lembrava da tabuada, etc.
2. O fundamentalista religioso: Pediram-lhe a tabuada, mas ele só se lembrava de rezar.
Há muito que a Europa se instalou na tabuada. Por cima do mapa do Continente poderíamos escrever simbolicamente
2x3=6
ou a tabuada inteira, mas cometeríamos  um sacrilégio se escrevêssemos  uma oração, por exemplo, o Pai nosso que estais no Céu, Santificado seja o Vosso nome.
O sacrilégio mudou de objecto.
Na Europa, em 2013, o discurso religioso que conteste uma adição ou uma  multiplicação será apedrejado.
O cineasta Herzog lembra que, num dos seus filmes rodado em África, elementos da tribo massai não quiseram entrar num posto médico móvel porque este estava elevado em relação ao chão. "Por razões misteriosas, não se atrevem a subir os degraus. Tentam entrar, hesitam e recuam. Só no final é que alguns massais conseguem ultrapassar esse obstáculo invisível e subir os três degraus que conduzem ao seu interior."
A Europa, de uma forma geral, esta assim. Não sobe os degraus; tem medo das alturas, da pequena altitude que esses pequenos degraus inauguram. Com os pés no chão ou em queda (sem chão por baixo): eis como se sente segura a Europa.

"O rapaz não ousa olhar-se no escuro, /mas sabe bem que deve afogar-se no sol / e habituar-se aos olhares do céu, para se fazer um homem." Cesare Pavese

5-   5 não é 5 não é 5 não é 5

A objectividade pura tem uma potência violenta. 5 é 5 é 5, eis o indiscutível. Dizer que 6 não é maior do que 5, em 2013, na Europa, seria o mesmo que dizer - na Europa medieval - que Deus não existia.
Quando alguém diz: isto é objectivo, o que está na verdade a dizer é que isto não tem discussão, isto é verdade, tu não tens nenhum contra-argumento contra isto. Alguém que se opõe ao que é objectivo só pode ter, assim, uma cabeça débil. Quando se diz isto é objectivo termina-se a conversa, o outro não pode contestar.
Quando se diz isto é subjectivo, afirma-se apenas que isto é um ponto de vista; permite-se, pois, que o outro dê um passo em frente, contra argumente.
Numa entrevista a um jornal francês, Godard disse uma vez esta frase terrível: "A objectividade? É cinco minutos para Hitler e cinco minutos para os Judeus."

6 - Moral da máquina - ou o oitavo pecado
"E as crianças que poderiam ter mudado tudo/ jogam entre pedras e minas. / E não querem mudar nada." Yehuda Amijai
A moral europeia é, em parte, a moral da máquina. É bom aquilo que funciona. É bom, não apenas em termos de eficácia, mas em termos morais.
A noção de pecado socializou-se e entrou na esfera da tecnologia. Alguém que não saiba calcular ou que não domine a última versão do Windows comete um pecado. O pecado maior é a ineficácia. Alguém que não funcione bem torna-se um pecador.
Os pecados capitais são agora oito: gula, avareza, luxúria, ira, inveja, preguiça vaidade e incompetência. O incompetente não entrará no reino da Terra.

7-Salvação
A discussão é sempre esta: prefere ser operado pelo médico competente ou pelo médico de 'bom coração'? Se escolher a pessoa que mais o ama para o operar cometerá provavelmente um erro. A salvação já não vem com a entrada do padre na casa do doente, mas com a do médico - e esta transição radical do século XX, analisada por muitos, ainda está em movimento. A salvação que classicamente teve uma abordagem religiosa ou moral tem desde há muito, na Europa, um entendimento clínico.
"Aqui, onde as ruínas querem voltar a ser / uma casa (...)" Yehuda Amijai

8 - Coragem e bondade

A bondade salva cada vez menos, e isso assusta. No mundo de paisagem técnica em que os elementos naturais estão escondidos - quase já não há montanha, nem terra - cada vez mais, salva quem sabe onde ligar ou desligar a electricidade; aquele que sabe mexer nos comandos da casa das máquinas.
E nesse aspecto seria interessante fazer a análise do homem europeu que salva outro em 2012. Se, em séculos passados, a coragem, acima do resto, seria uma das qualidades essenciais de quem salva, hoje tal qualidade é quase dispensável. Que poderá fazer o homem mais corajoso do mundo diante de alguém que corre perigo no meio de uma cidade moderna? A coragem perdeu eficácia - os seus efeitos eram bem mais evidentes quando o que estava diante de si para vencer era uma força natural - animal, água, fogo, outros homens, etc.
Hoje a coragem tem, primeiro, de tirar um curso de especialização técnica. Se não o fizer será coragem, sim, sempre, mas inconsequente. Diante de  um conjunto de pessoas fechadas num elevador parado por avaria, o homem mais corajoso do mundo irá telefonar à assistência técnica - eis o sem-saída em que nos colocámos.

9- Valores morais - e o que está no meio

Se pensarmos nos diversos valores morais e éticos – bem, bondade, lealdade, altruísmo, honestidade, solidariedade, liberdade, verdade, justiça, sabedoria, coragem, etc. verificaremos que, se no meio deles estiver o funcionamento de uma máquina, estes valores tornam-se pouco consequentes. É esta a anulação moral por parte das máquinas. A tecnologia, no seu conjunto, funciona como uma máquina de terraplenagem moral.
Estes valores morais clássicos, há que insistir, foram pensados na relação de um homem com outro homem ou conjunto de homens, uma relação imediata. O que temos em 2013 nas cidades europeias é um outro mundo. São raras as relações imediatas, directas, corpo a corpo e entre homens. No meio, mesmo que muitas vezes não nos apercebamos disso, estão máquinas. A lealdade entre dois homens só se poderá manifestar na cidade europeia do século XXI se, pelo menos num deles, existir um conjunto de habilitações técnicas mínimas.
Não te posso salvar porque não sei mexer na máquina - eis a frase que, em 2013, será muitas vezes escutada.
"Há muitos metros entre um animal que voa / E a escada que desço para me sentar no chão" Daniel Faria

10 - Palavras más
Sem nos apercebermos, de uma forma subtil, o vocabulário que utilizamos de forma comum vai instalando este novo mundo. Peguemos num exemplo: a palavra funcionário. Esta palavra tem uma violência contida de que não nos apercebemos. Funcionário é aquele que exerce um conjunto de funções - e função sempre foi uma parte que está contida em algo mais amplo e importante. Reduzir uma pessoa a um conjunto de funções é violentá-la.
Pensemos, por exemplo, na inócua pergunta: ele funciona bem? De facto, podemos perguntar se o João, a Maria ou o elevador funcionam bem. E quando podemos fazer a mesma pergunta acerca de um homem ou de uma máquina é porque algo, de facto, ia atrás, se desarranjou.
E é também por isso que muitas pessoas, aqui e ali, começam a ter avarias.

11- A apatia
O que me parece muito claro é que a máquina é o ser apático por excelência. (A apatia, esse modo de uma coisa se colocar sempre à mesma distancia de todas as outras coisas, de não ter julgamentos estéticos, éticos, etc.)
Uma fotocopiadora tira fotocópias de um documento neutro e a seguir de uma sentença de morte, com a mesma maquinal indiferença – à mesma velocidade e qualidade de impressão. Nunca para o seu movimento por questões morais, só por avaria. A avaria, aliás, é muitas vezes a origem de uma tragédia, mas cada vez mais, também, uma das últimas vias de salvação. (A cada dia, a cada ano, a frase - felizmente, avariou - ou a estranha e herética frase - Graças a Deus, avariou-se tornarão menos absurdas.)

12 - As perguntas humanas
Não podemos fazer perguntas sobre julgamentos estéticos ou filosóficos a um animal ou a uma máquina e é também por isso que as artes, a cultura e a filosofia, apesar de tudo - apesar de tudo - são importantes. Também não podemos fazer perguntas éticas ou sobre ‘estados de espírito' senão a humanos: não perguntamos a uma máquina fotográfica se ela ficou entusiasmada quando fotografou aquela paisagem.
Seria interessante pensar que continuamos humanos precisamente porque há ainda perguntas que se fazem às pessoas que não podem ser feitas aos animais ou às máquinas. Por exemplo, as simples perguntas: gostas? Era bonito?
Outro exemplo de uma pergunta naturalmente humana, a de Brodski: "Mas porque está ausente da Constituição a palavra 'chuva'?"

13 - O que aí vem - pés, olhos

"Bem-aventurado o que pressentiu / quando a manhã começou: / não vai ser diferente da noite." Adélia Prado
Podemos ter os pés num terreno feio e os olhos virados para algo belo, ou podemos, situação inversa: ter os pés num terreno belo e os olhos fixados em algo feio. Na primeira situação, teremos a sensação de que estamos num sítio belo. E na segunda situação teremos a sensação de estar num sítio feio. O que vemos, à frente, torna-se sempre o mais relevante.
Se estamos com os pés num sítio feio e os olhos fixos num sítio feio, mas temos uma bela imagem na cabeça, estamos num sítio belo - eis o que dirá, em contraponto a tudo isto, o bom e perigoso, o perigoso e bom velho utópico.
"Depois encontrei meu pai, que me fez festa / e não estava doente e nem tinha morrido, por isso ria (...)" Adélia Prado

Gonçalo M. Tavares, Sobre os Tempos (Que Valores para 2013?) Ensaio (2), Público, 03/01/2013, p.8-9.

regressa o "camaleão do rock"


mas hoje, dia em que faz 66 anos regressa com novo single where are we now?
mas que surpresa senhor Bowie!! 
desta nem eu estava à espera. 

o álbum The Next Day só em Março.


cada um tem o amor que tem. dentro ou fora dele.


‎"Os momentos mais felizes das nossas vidas são intervalos como estes, travessias entre um quarto e outro. O fundo dos corredores, dos hotéis estranhos, o número do nosso quarto, o empregado esquisito, como aquele sentado em cima duma toalha castanha onde ia assoando o nariz. O nosso quarto tinha espelhos dos dois lados, produzindo uma sensação de infinito. Nem eu nem tu, acenando como parvos para a nossa reflexão, desaparecíamos. Foi alívio. A música nunca vem de onde se espera. "

O Amor é Fodido 
Miguel Esteves Cardoso

domingo, 6 de janeiro de 2013

ensinem-me aquilo que faz falta.


primeiro fecho a porta e por cada vez que rodo a chave atraso-me mais um minuto. não penso o que me espera neste dia de inverno. nunca penso.
o dia de hoje é mais um amanhã presente. só que apenas mais um.
vejo o sol a querer espreitar pela janela tal como o meu vizinho que só estaciona o carro de frente. despeço-me dos gatos dizendo que os amo e que já volto.
mal eles sabem que ao sair é para me esconder de mim mesma num aprender que me faz falta. então fujo, correndo embrulhada neste dia de inverno.




ai este sol que parece querer ficar.

sábado, 5 de janeiro de 2013

descobre-te.

o quarto dia de Janeiro.













Sorri quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos vazios

Sorri quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador

Sorri quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados doridos

Sorri vai mentindo a sua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz

Charlie Chaplin