terça-feira, 1 de maio de 2012

«o filho da puta do cancro.»


A crónica de hoje do Miguel Esteves Cardoso no "Público".

não acredito na " morte " do amor. esse, a que chamamos de verdadeiro é o mais imortal de todos.
podem até nos tirar a pessoa amada, seja de que maneira for, seja quais forem as circunstâncias aparentes. até aquelas mais escondidas, ocultas entre os órgãos. que alastram no corpo como veneno, deixando a crueldade reinar. esquecendo tudo o resto. o sofrimento de quem sente e assiste totalmente inapto. sem qualquer tipo de força ou poder de salvação.
o "generoso" no meio disto tudo, se é que o podemos de chamar assim é o amor contínuo, aquele que demonstra e permanece percorrendo as nossas sensações dia após dia. corroendo a cada canto onde se vislumbra momentos vividos tão intensamente, tão verdadeiros e estáveis. memórias vivas que alimentam assim a nossa mente deixando a certeza de que amamos nem que tenha sido por um dia, em meros minutos e segundos da nossa vida, neles fomos capazes de amar. reforçando então esses momentos inesquecíveis que ocorreram como prova de amor cravado, um tal de prego no coração que fica aprisionado. 
e por mais que nos roubem todas aquelas sensações físicas e exclusivas que jamais serão sentidas não conseguiram nunca abafar o que fica no ar quando fechamos os olhos para recordar. podendo sempre, mas sempre abraçar o tal amor que nunca morre. 


2 comentários:

  1. "True love never dies." já dizia Drácula na imortal obra de Bram Stocker. Concordo com tudo o que escreveste. O amor, traz consigo sempre uma enorme dor, mas é uma dor e uma tristeza boa. Porque, quando sentimos falta da pessoa que amámos, paradoxalmente, sentimos alegria por todos os momentos que partilhámos, por aquela cumplicidade, pelos olhares onde o silêncio estabelece o mais rico dos diálogos onde nos sentimos realmente vivos.
    Se me perguntarem o que prefiro: se o dor ou o nada. Responderei logo que a dor, porque sentindo a dor, é porque já senti exuberantemente o seu oposto.

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