segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

a cada pequena ausência.

eram nove da manhã.
ela sai de casa vestindo a mesma roupa.
está esgotada. a alma pesa-lhe. 
mas o sol lá fora brinda. aquecendo-a.

defendendo-a assim do mais pequeno golpe.
avança por esta e por aquela rua.
sem urgência para chegar, sem pressa de voltar.
o tempo não pára. ela continua.

observa a multidão harmoniosamente. com tristeza.
entra nesta e naquela casa.
palavras loucas querem sair-lhe da boca.
mas não diz. 

espreita por entre as paredes frias e vazias.
traz com ela mais uma angústia.
só lhe apetece sentar naquele banco de jardim.
abrir um livro e saboreá-lo até ao fim.

desorientada. outra vez.
certezas não tem nenhumas.
não pensa no fim do dia.
não pensa se sim.

trabalha para hoje.
abandona-se ao mundo que lhe resta.
defende-se no que pode.
é um dia a mais ou a menos neste delírio em festa.

com os olhos na mãos.
com o coração aos pés.
em que só os pulmões a deixam dobrar mais uma esquina.
como de repente o tempo se desfez.






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